Tu sabias que poderias ficar com
o meu coração para todo o sempre, sabias que o podias moldar, tipo plasticina,
e dar-lhe a forma que bem entendesses. Sabias que a paixão que eu sentia por ti
era sentida e abrangedora de uma infinidade que nem os céus conhecem. Tu sabias
de todas as minhas hipóteses, e por mais que negues, sabias quais os caminhos
que eu ia tomar. E mesmo sabendo tu, quase de cor todo o meu ser, decidiste tu
quebra-lo. E quantas foram as vezes que te implorei para não me quebrares, para
não me deixares à margem de um nada com o qual eu não estaria pronta para
lidar, mais uma vez.
Amei-te com todas as forças do
meu coração. Enlacei-me a ti como há muito não me enlaçava com alguém. O que eu
não sabia -e agora já sei- é que os laços são apenas um simples enfeite. Triste,
mas a verdade é que cometias comigo um dos maiores abusos sentimentais
existentes.
Contudo, de todas as vezes que
pude, segurei-te nos meus braços. E no meu regaço embalava-te, contando-te
histórias de como a vida um dia seria perfeita. Segurei-te o mais que pude,
suportei-te até a vontade própria me deixar e quando as forças se esgotaram,
quando já nada havia a salvar, tomei a liberdade de te deixar ir. Esperando eu
que fosses para bem longe.
Tu eras bagunça, poeira, caus. Agitavas
o meu mundo e nem davas conta do quanto o desarrumavas. E quando eu tentava
limpar ou ajustar essa tua maneira de ser, por incrível que pareça, tu tornavas-te
um inferno cada vez pior.
Não aguentei. E como tal,
deixei-te. Entreguei-te aos ventos que um dia te trouxeram até mim. E da mesma
forma que eles te colheram, deixei eu que te levassem.
Éramos paradigmas diferentes, eu
sol tu lua, eu sim tu não, eu verdadeira, tu nem sei… E por não saber, ou
talvez por não querer saber, dei por findada a nossa história.
Talvez eu prefira criar uma relação
com alguém ausente, do que criar laços com aqueles que estão (ou não)
presentes. Talvez eu faça, ou tenha feito, tudo para arrumar a vida dos outros.
Mas, e eu? Quem é que vai arrumar as minhas desordens? Quem é me vai por ordem?
Quem é que um dia vai olhar para mim e perceber, “ela sim vale a pena!”?
… da verdadeira amiga,
Diana Margarida.