Encontro-me em em Coimbra, cidade de todo o
encanto, sentada numa esplanada de um café. Observo as pessoas que passam na
rua: observo os seus rotos, as suas atitudes e toda uma conjuntura de actos que
formam o chamado viver. Viver que é tão bom e ao mesmo tempo tão difícil. Cada rosto
que fixo transmite-me algo, não sei bem o que sinto, mas creio que cada pessoa desperta
em mim sentimentos diferentes. Vejo de tudo um pouco; Gente alegre, gente apática,
pessoas de sorriso estampado e pessoas que há muito se esqueceram dele. Provavelmente
deixaram-no por aí perdido, algures nessas ruas da eternidade. Tem dias que me
apetece fazer o mesmo com o meu. Sinto-me uma autêntica “Fernando Pessoa”.
Apetece-me levantar da cadeira e ir de pessoa em pessoa dar uma palavrinha. Não
sei ao certo o que poderia dizer, visto que falar com estranhos é coisa que
raramente faço. Mas lá está, cativa-me essa sensação de falar com estranhos. São
estranhos, nada sabem sobre mim e eu muito menos sei sobre eles e palavras
amigáveis todos nós deveremos gostar de ouvir. Então a minha vontade é essa,
fazer o bem hoje, alguma coisa de útil, de grande, de valor. Às vezes a vida
tem segundos tão insignificantes… porque não aproveitar esses segundos e fazer
deles grandes momentos? São vontades. Imensas vontades que se poderiam traduzir
em grandes gestos se todos nós fossemos um pouco mais humanos. Acebei de sorrir
para uma velhinha que está neste preciso momento a entrar no cafezito onde me
encontro. Já fiz um gesto bom! Por mais pequenino que seja foi bom, pois essa graciosa
senhora devolveu-me o sorriso com outro sorriso. Hoje deu-me para isto,
sentar-me neste café e escrever. Ser escritor é isto mesmo: sentar, observar,
sentir e escrever. Hoje falo de vontades, amanhã falarei de conquistas.
O
importante é nunca deixar de sentir.