domingo, 15 de julho de 2012

Amanhã é um outro dia!


Paro e ouço o estranho constrangimento do silêncio que me rodeia, as vozes deste espaço tentam comunicar comigo. Por momentos padeço táctica, parece que não as percebo. Mas, ao fim de alguns instantes dou por mim num diálogo de paredes, sozinha, afável, calmosamente falando. Repito para mim mesma que esta é a inocência do meu ser, quando os pensamentos me segregam e eu os sinto como pulsação ardente. Nada mais importa. Faço fluir em mim toda a existência que me proporcionaram, a minha carne, o meu corpo, tudo se torna em melodia. A conversa vagarosamente continua e nela surgem monstros, neblinas, castelos e subúrbios, tudo o que de uma vida faz parte. Eu converso. Falo, de toda a minha exatidão e de tudo aquilo que alguma vez cri. Exponho o cenário completo, mostro o lado negro e saudável da coisa. Afinal, por mais errado que seja este meu ser, devo expô-lo tal e qual como é. Chega de rodeios. Sou difícil à minha maneira. A conversa já vai longa e eu ainda tenho muito para conversar, mas vou esperar. Afinal o bom da vida é descobrimento dos encantos que ela nos proporciona e os desabafos afortunados (ou não) que ela nos cede. Por enquanto as paredes parecem interessadas nesta conjuntura que é a minha pessoa. O que é bom. Mas amanhã será um outro dia, uma outra conversa, uma outra parte de mim. Deixemos então para amanhã esta continuação, talvez assim ela se torne eterna.

domingo, 8 de julho de 2012

Partir hoje ou viver desta maneira?

Podia inventar mil desculpas que justificassem este meu desejo de partir. Mas a única que encontro é a necessidade de comprar um bilhete sem destino. Ir sem saber para onde ir, se possível o mais longe que conseguir, mas como sei eu o quanto longe é longe? Não sei. Os bolsos não precisam de ir cheios, a mala deverá conter o essencial, o importante é a consciência de que qualquer lugar será melhor que este em que me encontro. Não sei explicar este querer, só sei que cada vez que me encontro numa estação de serviço dou por mim a observar as pessoas. Vejo rostos soltos, diferentes. Todas elas têm um destino, todas elas têm um lugar para onde ir, onde ficar. Muitos vão em busca de aventura, deixam-se ir ao sabor do vento, esperando que este os surpreenda. Às vezes pergunto-me: - porque não me juntar a eles? É nesses momentos que surge este bichinho de querer partir. Sozinha. Sem destino, sem compromisso. Qualquer lugar será melhor. Hoje acabo de chegar de algum lugar, a mala ainda está por desfazer. E se eu partir esta noite? Agora? Viver ou morrer assim? Hoje sinto que posso ser qualquer coisa, qualquer um. Eu. Tomara que o comboio consiga ser o suficientemente rápido para me fazer voar. Hoje não quero ser história, hoje quero ser aventura. Talvez encontre o meu eu em algum subúrbio, talvez encontre a parte que me falta perdida numa dessas estradas da vida. Mas como saberei eu essas coisas se não partir hoje? Posso partir amanha, mas não será a mesma coisa. Amanha é mais um dia, mais 24horas de atraso. E para quê me atrasar se posso mudar a paisagem hoje mesmo? Para quê me atrasar se hoje mesmo posso começar a viver?



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