Paro e ouço o estranho constrangimento do silêncio que me rodeia, as vozes deste espaço tentam comunicar comigo. Por momentos padeço táctica, parece que não as percebo. Mas, ao fim de alguns instantes dou por mim num diálogo de paredes, sozinha, afável, calmosamente falando. Repito para mim mesma que esta é a inocência do meu ser, quando os pensamentos me segregam e eu os sinto como pulsação ardente. Nada mais importa. Faço fluir em mim toda a existência que me proporcionaram, a minha carne, o meu corpo, tudo se torna em melodia. A conversa vagarosamente continua e nela surgem monstros, neblinas, castelos e subúrbios, tudo o que de uma vida faz parte. Eu converso. Falo, de toda a minha exatidão e de tudo aquilo que alguma vez cri. Exponho o cenário completo, mostro o lado negro e saudável da coisa. Afinal, por mais errado que seja este meu ser, devo expô-lo tal e qual como é. Chega de rodeios. Sou difícil à minha maneira. A conversa já vai longa e eu ainda tenho muito para conversar, mas vou esperar. Afinal o bom da vida é descobrimento dos encantos que ela nos proporciona e os desabafos afortunados (ou não) que ela nos cede. Por enquanto as paredes parecem interessadas nesta conjuntura que é a minha pessoa. O que é bom. Mas amanhã será um outro dia, uma outra conversa, uma outra parte de mim. Deixemos então para amanhã esta continuação, talvez assim ela se torne eterna.
Minha alma está presa num tempo indefinido, magoada vagueia pelas ruas da eternidade, sem saber o seu poiso, sem saber a sua calma. Tentando evitar olhar o passado, encara o futuro como desconhecido, e silenciosamente passa... Não a sentimos, apenas a conseguimos ler!
domingo, 15 de julho de 2012
domingo, 8 de julho de 2012
Partir hoje ou viver desta maneira?
Podia
inventar mil desculpas que justificassem este meu desejo de partir. Mas a única
que encontro é a necessidade de comprar um bilhete sem destino. Ir sem saber
para onde ir, se possível o mais longe que conseguir, mas como sei eu o quanto
longe é longe? Não sei. Os bolsos não precisam de ir cheios, a mala deverá
conter o essencial, o importante é a consciência de que qualquer lugar será
melhor que este em que me encontro. Não sei explicar este querer, só sei que
cada vez que me encontro numa estação de serviço dou por mim a observar as
pessoas. Vejo rostos soltos, diferentes. Todas elas têm um destino, todas elas
têm um lugar para onde ir, onde ficar. Muitos vão em busca de aventura,
deixam-se ir ao sabor do vento, esperando que este os surpreenda. Às vezes
pergunto-me: - porque não me juntar a eles? É nesses momentos que surge este
bichinho de querer partir. Sozinha. Sem destino, sem compromisso. Qualquer
lugar será melhor. Hoje acabo de chegar de algum lugar, a mala ainda está por
desfazer. E se eu partir esta noite? Agora? Viver ou morrer assim? Hoje sinto
que posso ser qualquer coisa, qualquer um. Eu. Tomara que o comboio consiga ser
o suficientemente rápido para me fazer voar. Hoje não quero ser história, hoje
quero ser aventura. Talvez encontre o meu eu em algum subúrbio, talvez encontre
a parte que me falta perdida numa dessas estradas da vida. Mas como saberei eu
essas coisas se não partir hoje? Posso partir amanha, mas não será a mesma
coisa. Amanha é mais um dia, mais 24horas de atraso. E para quê me atrasar se
posso mudar a paisagem hoje mesmo? Para quê me atrasar se hoje mesmo posso
começar a viver?
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