terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nunca parar de acreditar


E ela voava pelo céu sem sentido, numa tentativa de encontrar a outra parte de si. Aquela outra metade que responderia a todas as suas questões. Nos amanheceres das manhas frias ela embrulhava-se na velha manta com cheiro a hortelã e ficava à janela a observar a vida que corria pelas ruas escorregadias do frio inverno. Fantasiava com todos os seus sonhos. Por vezes, com a pontinha do dedo já meio gelado desenhava toda uma vida na janela embaciada. Perdia-se durante horas e horas naquele mundo que só ela tinha permissão para entrar.
Era uma sonhadora. Sonhava com tudo e com nada, com alguma coisa e com coisa alguma.
As suas asas eram do tamanho de meio mundo, a sua força e a sua perspicácia faziam-na crer que o amanhã era sempre melhor que aquele presente sonhador. A sua fé era surpreendente, um exemplo. O seu interior doente jamais, em tempo algum, fez com que o seu sorriso desaparecesse.
E, apesar da sua fraqueza como ser humano, tudo era motivo para despertar um pequeno sorriso.
Os dias passaram, as horas correram e infelizmente os astros não estavam conjugados para que tudo desse certo. Infelizmente a vida não lhe sorriu. Ela parecia tão forte por vezes… mas todos sabíamos que não aparentava a mesma coisa.  
E mesmo com desfeita que a vida lhe fez, pelo menos ela tentou todos os dias da sua vida.
Naquela janela fica o reflexo daquela que voava e sonhava mesmo quando tudo parecia frio e cinza. E mesmo com a sua partida, mesmo sabendo que a parte que lhe iria dar todas as respostas continua deste lado de cá, pelo menos de uma coisa eu sei, ela continua aqui, presente. Esperando o reencontro, esperando uma nova oportunidade. Um outro dia, um dia melhor. 





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