domingo, 30 de setembro de 2012

Máquinas



Gostava de entender esta máquina. Perceber a utilidade das suas peças, aprender a desmontá-la e a montá-la sempre que quisesse. Desenhar-lhe um manual de instruções, talvez assim tudo fosse menos complicado. Gostava de a desligar. Por um dia, um mês, um ano. O tempo suficiente para que eu criasse coragem de a ligar. Coragem de a manusear e entender a sua configuração.
Mas que posso eu fazer? Não existe nenhum sistema operativo que se adeque à minha máquina, ao meu ser. Não existe vontade maior que esta de querer olhar teimosamente para além do que vejo. Não existe. E esse é o problema: a falta de existência. Porque por mais que tentemos, às vezes certas peças não encaixam. Às vezes certas peças não existem. E sem peças dificilmente se constrói máquina alguma. Por uns tempos até acredito que ela possa funcionar, mas a falta de peças fará com que a sua existência diminua dia após dia, até fazer a máquina parar. Deixando de haver qualquer tipo de solução. Qualquer tipo de remendo.
Então a máquina para. E tudo o que ela produzia ou tentava produzir, para com ela. Esgotasse de tal maneira que o único remédio seria comprar uma máquina nova. Renovar. Mas eu não sei trabalhar com máquinas. Eu não sou nenhuma máquina. E como tal, o melhor é mudar de ofício.



domingo, 16 de setembro de 2012

Dias com defeito


Por vezes a vontade de chorar ataca. Aquela vontade estranha que nos agonia a garganta fazendo estremecer o som da nossa voz. Situações que transformam bons dias em dias estranhos, com defeito. Toda uma conjuntura de maus actos, de péssimas situações. O mal-estar acumula-se e vai crescendo, fazendo sentir uma ligeira pressão sobre o peito. Depressa surge aquela vontade de deitar na cama, fechar os olhos na esperança que tudo passe. Já deitados pensamos em mil e uma coisas, mil e não sei quantas explicações. E a força que fazemos para evitar a queda nesse poço de lamentações é deveras surpreendente. Inúmeras são as complicações que nos passam pela cabeça nesse preciso momento. Inúmeros são os sentimentos que acanhamos no peito. A raiva que há muito contemos parece querer expelir-se de forma violenta e crucial. Parece que o tórax já não tem espaço suficiente para esta “angina de peito”. E quando não é a raiva que fala mais alto, é a dor. E são tantas e tão variadas as dores que uma pessoa pode sentir. Dor, essa terrível sensação que ladrilha o corpo de um mal-estar aterrorizante, de um sufoco constante, de uma incrível perda de forças. O ser humano é tao fácil de magoar, tão fácil de desiludir… e por fim caem as primeiras lágrimas. As primeiras são sempre as mais dolorosas. E choramos, sozinhos, com a cabeça na almofada, com o coração apertado. Choramos todos os nossos males ou pelo menos os que remoem naquele preciso momento. Mas chorar não resolve. Então dormimos. Não para esquecer, mas sim para que doe menos.



terça-feira, 11 de setembro de 2012

A dor.

A dor. Só tens que sobreviver a ela, esperar que ela se vá embora sozinha, esperar que a ferida que a causou sare. Não há soluções nem respostas fáceis. Só respiras fundo e esperas que ela vá diminuindo. Na maior parte do tempo, a dor pode ser administrada, mas às vezes ela pega-te quando menos esperas, acerta-te abaixo da cintura e não te deixa levantar. Tens que lutar através da dor, porque a verdade é que tu não consegues escapar dela e a vida, por incrível que pareça, vai-te sempre causar mais.



sábado, 8 de setembro de 2012

São coisas

 É difícil reparar todos estes estragos. Acordar todos os dias como se nada fosse. Levantar, escovar os dentes, lavar a cara, tudo isto de olhos fixos naquele espelho que reflete um rosto pálido de quem acaba de acordar de um pesadelo. Ou para um pesadelo.
 É difícil mudar. É difícil deixar para trás certos pormenores. Certas palavras, certas atitudes. Por mais vontade que se tenha é difícil voltar a criar espectativas. Não é que não queiramos, simplesmente não estamos preparados.
 Não é que a vida seja complicada, nós é que a complicamos. Mas por vezes demora a esquecer determinadas situações, principalmente as que doem. Seria maravilhoso se tudo fosse mais fácil, mais simples. Mas não é, muitas vezes as respostas estão bem à nossa frente e por casmurrice não lidamos com elas. Casmurrice ou medo, deixo à vossa opinião.
 A verdade é que por vezes o refúgio é mais fácil, mais seguro e isso por vezes é o quanto basta. É o mais preferível. É o que serve. Daí a insegurança, o medo, a vergonha. O refúgio pode manter o coração salvo de desilusões, mas torna-o num ser fraco dia após dia. O medo de amar petrifica. Doí, porque no final dos dias o que nos resta somos nós, e nada neste mundo nos faz sentir mais sozinhos que isso.
 Mas a vida é assim, um puzzle complicado de se fazer. Por vezes as peças encaixam na perfeição, mas o desenho que elas contêm não se iguala. Outras vezes as peças não se encaixam, mas mesmo assim tentamos forçar. E ainda há aquelas vezes, raríssimas vezes, em que encontramos a peça certa logo à primeira vista. Seria demasiada sorte se o meu puzzle fosse assim. Seria demasiada sorte se tudo deixasse de ser difícil amanhã.  




domingo, 2 de setembro de 2012

E a crítica começa agora!


380º é o meu novo projecto! Uma ideia completamente contrária à que mantenho aqui. Vou continuar na mesma a postar os meus textos aqui neste blog, mas vou dar asas à imaginação e começar um projecto totalmente diferente!! Espero corresponder às vossas expectativas e que vos cative como seguidores. Desde já agradeço o vosso apoio até aqui. Obrigado e um beijinho a todos * 

http://margarida380.blogspot.pt/

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