domingo, 4 de março de 2012

(Des) Ilusão

 



















Chega aquela hora em que o tempo pára e numa fracção de segundos percebemos o quanto nos estávamos a matar. Chega o momento, aquele abençoado momento, em que acordamos e tudo à nossa volta não passa de uma misera realidade irreversível. Chegámos portanto à ironia. À terrível sensatez do que é descobrir as profundezas do nosso ser. Chega tudo e tudo ao mesmo tempo. Esta terrível queda que damos na realidade faz-nos despertar os mais incrédulos arrependimentos, pois percebemos que nem tudo se resume a viver. Os finais felizes parecem sempre iguais, mas do lado de cá observamos. Tentamos fazer escolhas minuciosas, escolhas acertadas, mas tudo sai furado, tudo está destinado a ser um fracasso total. Aí paramos. Olhamos o espelho, e tudo o que vimos é cinza. Olhamos uma sombra que em tempos um corpo foi. E o desprezo que sentimos permite-nos não dizer nada. Melhor assim. Aos poucos despimos as vestes já fartas deste disfarce, a máscara cai e tudo o que tínhamos, ou pensávamos ter, não existe. Éramos ilusão, uma triste utopia de vida. Dado o impacto final, declaramos o óbito. Do nosso ser, do nosso fantasma, da nossa ilusão. Nada melhor que uma morte prematura. A única diferença é que a morte acaba, e isto? Isto pode durar para sempre.


2 comentários:

  1. Que texto bom, francamente dos melhores textos que li. A conjugação das palavras, a mistura de sentimentos, tudo, tudo encaixa de uma forma extraordinária os meus parabéns. Beijo :)*

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  2. Obrigado!! Sinto-me lisonjeada por receber tamanho comentário! Sou uma aspirante nas letras, mas são estas palavras que me dão força para continuar! :) beijinho *

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