sábado, 7 de abril de 2012

Sem esperas

Sossegada no meu canto aguardo a sua chegada. Todos os dias o faço desde o dia em que ele partiu. Sem aviso, sem deixar recado, foi. Deixou-me simplesmente esta espera, esta infinidade de dúvidas às quais não consigo atribuir resposta. Deixou-me este vazio, no qual me perco tantas vezes que sonho com ele. Desde então, de tempos a tempos, escrevo-lhe. Já que a saudade não o trouxe, talvez a minha escrita o faça regressar. E nesta espera continuo, na esperança que ele retorne para preencher a minha alma. Às vezes, quando penso de mais, acabo por imaginar o som da sua chegada. Ouço o ranger dos sapatos no chão e quase que ouço o rodar da chave na fechadura, imagino as suas vestes e as palavras que lhe sairão pela boca. Crio o cenário perfeito, o momento ideal. E mais uma vez permaneço no meu canto, sossegada. Quando esta pequena sessão de ilusionismo acaba, dou por mim no mesmo lugar, com a mesma postura. Afinal tudo permanece igual, e aos poucos apercebo-me de quanto em vão foi aquela espera.
 Volto a dedicar-me a escrita. Desta vez com outros motivos, com outras esperanças. Decido começar uma outra história, sem esperas, sem demoras, sem chegadas nem partidas. Desta vez o cenário é outro, eu não faço parte da história. A história agora é outra, a princesa tem o papel principal e o príncipe, esse só aparece no segundo capitulo. Por agora escrevo sobre a princesa, o castelo e o sapo. Envolvo tudo numa fantasia e em cada pedaço de tinta deixo um pouco da minha tão extensa imaginação. A minha espera agora é outra. Não espero o príncipe nem a sua compaixão, espero pelo sapo e pelo seu beijo. Afinal, os contos de fadas existem não?




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