É nas letras que eu me encontro e me
perco ao mesmo tempo. É nos pedaços de papel em branco que descarrego o que vai
dentro de mim. Liberto tudo numa tentativa de aliviar a alma, as coisas más, as
boas e as assim-assim. Escrevo de tudo, falo de tudo, confesso tudo. É neste mundo
paralelo, o meu mundo, que eu liberto as minhas consciências e tudo o que elas
me fazem carregar. Escrevo e rescrevo o que na memória me vai, tentando a
todo o custo me recordar dos porquês diários. Do meu porquê. Escrevo sem amanhã, sem passados, sem presentes.
Apenas escrevo.
Faço das folhas o meu diário e das linhas
o meu suporte. É nas linhas que deixo parte do que sou, e é nas linhas que eu
busco parte do que tento ser. Confio às letras o meu coração, confio a
elas aquilo que não consigo confiar a mais ninguém. As letras estão para mim
como a lua para a noite, como o mar para o oceano. Que seria de mim sem este refúgio?
É por isso que escrevo. Escrevo para esvaziar este vazio. Escrevo de tudo. Para
tudo. Com tudo. Porque eu sou assim: Escritora nas horas vagas, moça a tempo
inteiro.
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