sexta-feira, 8 de julho de 2011

E eu??

Do lado de lá da porta deste quarto ouço gritos. São tantos e cada vez mais altos. Tento abafar o som com as minhas próprias mãos... Mas é impossível! É tanta a dor, tanta a mágoa sentida do lado de lá desta porta. Eles não param. Será que não percebem? Eu estou aqui!
Ao ponto que chegaram... Era tudo tão perfeito. Onde está essa perfeição agora??
Mergulho num monte de cobertores, mas este som jamais vai embora. Eles continuam...

É notória a falta de amor, a falta de discurso que já a muito existia, a falta de sinceridade. E eu?
Continuam sem parar, e as minhas lágrimas caem descontroladamente. Não desejava isto.
Quem me dera voltar aquele passeio no parque, éramos tão felizes, passávamos a vida a discursar, havia alegria, havia uma família unida. Havia ...

E agora? O que será de mim? Que caminho hei-de tomar? Que caminho me irão fazer tomar?
As perguntas preenchem-me o pensamento, tudo a minha volta está numa roda viva. 

Mas porquê? Porquê que o amor cega? Porquê que ele preenche de tal maneira o coração de modo a nunca estarmos preparados para as desilusões? Porquê??
Não percebo... 

A discussão continua, ouço a mãe a soluçar e o pai a dizer que vai embora! Como é possível? E eu??
É tão injusto, e se o problema sou eu? Mas eu portei-me bem! Fui uma aluna exemplar.. Nada fiz para que deixassem de gostar de mim... E agora?
Tento adormecer... Talvez tudo passe de um pesadelo, talvez eles ainda se amem, talvez reparem que eu estou aqui, debaixo deste monte de cobertores...

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