Da janela daquele velho autocarro deparo-me com um mundo, um mundo de escolhas, de estados de espíritos, de "Olá" e "Adeus", de vida, de alegria e tristeza. Deparo-me com uma roda viva, cheia de emoções, cheia de segredos.
São vários os rosto com que os meus olhos se cruzam, são várias a caras que a minha memória guarda.
As pessoas já mal têm tempo para sorrir, para falar, para descansar. Andam de um lado para o outro a mil à hora, muitas delas de cabeça baixa e olhar vago ... é muita a tristeza sentida é muita a indignação.
Vejo crianças de mão dada com os seus pais, vejo a falta de discursos que há. Vejo a necessidade de atenção.
Vejo gente pobre, vivendo em esquinas, pedindo esmola, vejo e nada posso fazer por ver. Vejo o desgosto de uma vida fracassada, vejo o desejo de um novo dia, um melhor dia.
Tudo anda de um lado para o outro, vejo daquela triste janela, um mundo auto-destruído, um mundo onde o diálogo já não é mais diálogo.
As cores cada vez são mais escuras e as pessoas cada vez mais tristes.
Vejo gente ocupada, agarrada a telemóveis. Sinto a falta de ouvir um "obrigado", um "por favor", um "com licença". Sinto e sinto porque já não existe cortesia.
Vejo gente cansada, pessoas que trabalham afincadamente para receber uma miséria.
Acordo de manhã, apanho aquele velho autocarro e vejo tudo isto. Fico triste... o mundo já não é o mesmo! A alegria já quase não é nenhuma e a vontade de viver já não há. Existe sim a sobrevivência mas essa aos meus olhos já é tão vaga.. Olho para as pessoas e vejo preocupação, pressa, imenso stress, andam de um lado para o outro sem saberem ao certo que caminho tomar.
Oiço o barulho, vejo a poluição a minha volta... Tudo isto incomoda-me!
Passo por hospitais, pediátricos, vejo tanta angústia. Passo por jardins e vejo-os vazios. Passo por velhinhos e dá-me vontade de chorar, sozinhos no mundo vagueiam e ninguém os vê, ninguém os chama.
Daquele velho autocarro vejo o Mundo a minha volta, vejo o meu mundo ... é triste, é cada vez mais triste. Não sei como o descrever, nem sei como tal aconteceu... Vejo claramente a falta de afecto, a falta de segurança, mas que posso eu fazer?
Vivemos num mundo triste, num mundo gasto, mundo esse que nos, homens, moldamos com as nossas próprias mãos! Escolhas erradas, decisões mal tomadas, distância, fracasso ... Este é o nosso Mundo! Mundo de gente triste, mundo de gente cansada...
Minha alma está presa num tempo indefinido, magoada vagueia pelas ruas da eternidade, sem saber o seu poiso, sem saber a sua calma. Tentando evitar olhar o passado, encara o futuro como desconhecido, e silenciosamente passa... Não a sentimos, apenas a conseguimos ler!
quinta-feira, 30 de junho de 2011
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